18 setembro 2009

sobre o não-livro e outras encarnações

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"Ontem estava pensando...
Acho que se vivessemos em outro século, seríamos aquelas amigas que teriam grandes historias contadas por cartas, como se as duas dividissem suas vidasm seus anseios em palavras, em cartas.
Como se morássemos longe e quando morressemos iriam achar milhares de cartas e respostas... quem sabe daria um livro. rs"

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15 setembro 2009

do kundera

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Por uma razão ou por outra, ela estava descontente com ele e, assim como ela era capaz de impregnar a relação mais irreal com o sentimento mais concreto (materializado em uma lágrima), era capaz de dar ao mais concreto dos atos uma significação abstrata e à sua insatisfação uma denominação política

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in O Livro do Riso e do Esquecimento

08 setembro 2009

(d)ela



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Dela tenho um pouco de tudo.
Da cor dos olhos ao tom da voz, sou entre todos, a cria que mais se parece.

Dela herdei o formato do rosto, a cor dos cabelos, o suspiro e a curiosidade.
Nela descobri o significado da elegância, do bom gosto, do mau humor matutino e o prazer da leitura.
Dela tenho as pernas compridas, os olhos pequenos, a orelha rasgada e as sombrancelhas angulosas.
Ela me ensinou que, acima de tudo, está a felicidade (no sentido mais clichê da palavra).
Sempre insistiu nos bons modos à mesa, disse que poderiam me salvar de muitas situações no futuro... e ela tinha razão.
Aprendi a usar o garfo na mão esquerda, a falar espanhol fluentemente, a fazer tortilla de patatas, a usar o "por favor" e o "obrigada" para tudo o que faço na minha vida.

Com ela aprendi que a inteligência não serve de nada sem cultura, que a cultura não serve de nada sem referências, e que as referências só se adquirem com olhos curiosos.

Ela me mostrou muitos mundos e todos com o mesmo respeito: o mundo dela (que também é meu), o nosso (que também é dela), e todas as realidades paralelas a minha, sempre fincando os meus pés no chão para saber escolher.

As asas ela sempre soube que eu tinha, mas nem por isso me prendeu ao pé da cama: me ensinou a usá-las (a contragosto, sim) e me avisou que um dia "o meu circo ia passar".

Gosto dessa foto. Ela passou muitos anos na minha carteira, até que um porta-retrato a chamou para habitar a minha sala. Nariz do Fran, meio-sorriso da Patri e nesses olhos um mundo inteiro de possibilidades.

Saudades, mamá.

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