29 julho 2009

art can help this

.

.

um respiro:

A sober and a quiet mind is one in wich the ego does not obstruct the fluency of things that come in through the senses and up through one´s dreams.

Our business in living is to become fluent with the life we are living, and art can help this.

.

27 julho 2009

portão 12

.


Ela não chegou a cogitar uma feliz possibilidade do acaso.
Andou aquele saguão, então, como se fosse mão única, a sua carta na manga, o seu blefe perfeito.
Descortinou a sua franja para ampliar o seu campo de visão, mas também para que ele entendesse a sua linguagem.
Desfilou as suas pernas por aqueles breves metros com uma leveza que era só dela e de suas proporções.
Pensou se ainda estaria sendo observada. Certa de que sim, tirou um cigarro do maço e perfilou o rosto para acendê-lo.
Claro. No canto do olho direito ainda estava aquela amarga coincidência, que se destacava em um borrão perfeitamente reconhecível do resto-pastiche.
Cabelo grisalho nas têmporas. Olhos de curvas. Nas suas curvas. E ela sabia.
Sentiu o caminho inverso daquele mesmo arrepio, que terminou na sua última e mais perigosa vértebra. Na ponta, do fim da sua linha condutora emanou uma onda de calor que a enrubesceu como há muito ele não fazia.

Aquele olhar perdia tempo nos seus detalhes.

Sem razão alguma lembrou daquele beijo que deixou no espelho como um testemunho, uma prova. Sim, ela estava linda... mas não para ele. Para a chance.
Sentiu o sol daquela fresta lhe acalmar os ânimos, mas o frio a assustou.
Não era frio na barriga, era vento no peito. O vazio. O Talvez.
Deixou o borrão virar um pequeno grão indistinguível e seguiu em frente.
Pensou nas estatísticas, nas chances, nos números.

Mas...e se fosse ele?

Parou, intacta. Olhou para os lados, e contou até dez.


.

Seguidores

Arquivo do blog