20 setembro 2008

.: poema de natal :.

                                          
"
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos - 
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

(...)

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte - 
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.


moraleja:

Da morte se nasce.
Na espera se chora.
Algumas tardes se enterram.
Bem longe e bem fundo, para que nem os nossos longos braços pequem de saudades.

" quem faz um poema salva um afogado" 

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