08 setembro 2009

(d)ela



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Dela tenho um pouco de tudo.
Da cor dos olhos ao tom da voz, sou entre todos, a cria que mais se parece.

Dela herdei o formato do rosto, a cor dos cabelos, o suspiro e a curiosidade.
Nela descobri o significado da elegância, do bom gosto, do mau humor matutino e o prazer da leitura.
Dela tenho as pernas compridas, os olhos pequenos, a orelha rasgada e as sombrancelhas angulosas.
Ela me ensinou que, acima de tudo, está a felicidade (no sentido mais clichê da palavra).
Sempre insistiu nos bons modos à mesa, disse que poderiam me salvar de muitas situações no futuro... e ela tinha razão.
Aprendi a usar o garfo na mão esquerda, a falar espanhol fluentemente, a fazer tortilla de patatas, a usar o "por favor" e o "obrigada" para tudo o que faço na minha vida.

Com ela aprendi que a inteligência não serve de nada sem cultura, que a cultura não serve de nada sem referências, e que as referências só se adquirem com olhos curiosos.

Ela me mostrou muitos mundos e todos com o mesmo respeito: o mundo dela (que também é meu), o nosso (que também é dela), e todas as realidades paralelas a minha, sempre fincando os meus pés no chão para saber escolher.

As asas ela sempre soube que eu tinha, mas nem por isso me prendeu ao pé da cama: me ensinou a usá-las (a contragosto, sim) e me avisou que um dia "o meu circo ia passar".

Gosto dessa foto. Ela passou muitos anos na minha carteira, até que um porta-retrato a chamou para habitar a minha sala. Nariz do Fran, meio-sorriso da Patri e nesses olhos um mundo inteiro de possibilidades.

Saudades, mamá.

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7 comentários:

  1. Anônimo12:40

    Adoro essa foto!
    E esses olhos curiosos que me intrigam e me encantam.
    Uma linda mulher saída de um filme do Godard!

    annap

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  2. Anônimo17:50

    morri de amor sweet!
    bjo.

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  3. Anônimo07:53

    Mi amada niña, me llena de orgullo leer tus comentarios sobre mi, si por un momento fui o soy algo parecido ya valió la pena estar en este mundo maravilloso donde tu te encuentras, hacer parte de ti ya que tu eres lo mejor de mi. Tu circo aún no pasó pero está llegando el momento y tus alas se levantarán como águila real y serás libre, mas aún, y en tus alas cargarás tradiciones, recuerdos, amor, solo cosas buenas que te harán recordar quién eres. Mamá

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  4. Anônimo00:50

    Este texto tem um pouco da resposta para a pergunta "de onde vem tanta beleza?"

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  5. Anônimo16:29

    Tenho que concordar.

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  6. Que lindas.
    Amo as duas.
    São importantíssimas na minha vida e na do casal.

    Beijos

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