18 março 2010

da série: exercícios de escrita criativa - 1

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Premissas: 5 sentenças, 1ª. pessoa, 5 palavras chulas e alguém sobre um trampolim.

Não é só assustador estar aqui, se eu parar pra pensar... o vento que gela neste ar rarefeito também dá um certo barato, um aperto no músculo esquerdo, uma pequena revolução intestinal e a sensação de completa leveza (vazio?) e absoluta cadência ritmada no tempo das palavras que saem da boca dela. A cada uma, tomo um pouco mais de impulso, empurro para baixo as pernas que se prendem através das unhas naquelas farpas de madeira transversal: “eu”, “você”, a “certeza”, a “dúvida”, a “dívida”, a “pena”, o “tempo”, o “fucking timing”, a “hora errada”, o “encontro certo”, o “medo”, a “porra do seu egoísmo de merda”, a “certeza morta”... a “vertigem”... a “filha da puta da saudade”. Eu ouço quieto cada uma e marco mentalmente aquelas que fazem sentido... ouço, marco, sinto e me impulsiono mais e mais e mais e mais e mais e... Cronometro o ritmo, analiso os “eus” e os “vocês” cada vez mais separados nas suas frases mas fatalmente juntos no contexto: EU blank VOCÊ, até que “eu”, “eu”, “eu”, “eu” e..... e é então que esqueço o resto e me posiciono cada vez mais perto da borda angulosa. Em frente – enquanto houver – eu vejo você se afastar... abaixo, a noventa graus de gravidade o salto da morte; da sua morte em mim. “Acho uma bosta ter que te dizer isso assim e usar o clichê do abandono que tantos outros já usaram mas.... entenda... o problema não é você, sou eu.”

Um comentário:

  1. Anônimo16:54

    gostei desse. não tinha lido.
    Saudades chata.
    tenho que dar um jeito nisso.
    ja já encontro como .
    beijos
    eu

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